A extraordinária história da domesticação dos cães, a origem de uma parceria nunca antes vista.
Os cães domésticos (Canis lupus familiaris) são os nossos companheiros mais próximos e estão ao nosso lado nos quatro cantos do mundo. Os cães modernos possuem uma das maiores coleções em diversidade de formas, tamanhos e cores se comparados com qualquer espécie que vive na Terra, sendo essas e outras características resultado de uma relação mutualística incomparável.
Nós da Flat Nose Dog School, acreditamos que existem 3 pilares principais que uniram os homens e os cães: PROTEÇÃO, ALIMENTAÇÃO E COMPANHEIRISMO.
A partir desses 3 pilares, e de suas habilidades cognitivas e comportamentais, os cães domésticos foram selecionados para cumprir uma ampla variedade de tarefas, incluindo caça, pastoreio e companhia.
Porém nas últimas décadas, essa relação se desestabilizou e os seres humanos nos grandes centros urbanos vêm oferecendo aos seus cães um estilo de vida muito distante daquele que uniu as duas espécies.
Por isso vamos voltar no passado e entender como esse relacionamento homem e cão se estabeleceu. Para começarmos a entender qual a melhor a natureza dos nossos cães, é necessário entender de onde eles vieram.
A história natural dos cães domésticos pelo mundo
A origem e a evolução dos cães domésticos continuam sendo questões controversas e muito discutidas na comunidade científica.
Para falar sobre esse assunto, selecionamos um estudo feito por um grande grupo de pesquisadores do mundo inteiro que se uniram para ajudar a desvendar a jornada extraordinária dos nossos companheiros, que passaram de grandes predadores para o melhor amigo do homem.
O estudo tem como autor principal Guo-Dong Wang e foi intitulado “Out of southern East Asia: the natural history of domestic dogs across the world (Fora do sudeste asiático: a história natural dos cães domésticos pelo mundo).
Esse estudo contou com a ajuda de laboratórios e cientistas de Singapura, Rússia, Canadá, Finlândia, EUA, Suécia e China. Sendo liderados pelos Laboratórios de Recursos Genéticos e Evolução, e Laboratório de Biologia Molecular de Animais Domésticos do Instituto de Zoologia de Kunming, Academia Chinesa de Ciências.
Com o propósito de responder às perguntas chave que fundamentam as discussões sobre a domesticação, os cientistas decidiram fazer um estudo genético que comparava o DNA de 58 canídeos de diversas origens do globo. Para isso, foram usadas sequências genômicas completas de 12 lobos cinzentos, 27 cães primitivos da Ásia e África, e uma coleção de 19 raças diferentes de todo o mundo.
A partir da análise molecular das sequências de DNA, os pesquisadores descobriram que os cães do sudeste da Ásia são o grupo mais próximos em relação aos lobos cinzentos, indicando que foi a partir deles que se iniciou o processo de domesticação.
A ORIGEM DOS CÃES DOMÉSTICOS NO SUDESTE DA ÁSIA DATA DE 33.000 ANOS ATRÁS
Ainda baseado nos dados moleculares, acredita-se que cerca de 15 mil anos atrás, um subconjunto de cães ancestrais começou a migrar do sudeste asiático, mais especificamente de onde hoje seria o norte da China para o Oriente Médio, e posteriormente para África e Europa, chegando ao velho continente há cerca de 10 mil anos.
A história traçada sugere que em um primeiro estágio de domesticação o grupo de cães ancestrais que migrou para o Oriente Médio estabeleceu um relacionamento com o ser humano pautado em 2 pilares centrais: segurança e alimentação. Para os humanos, ter a presença de cães significava proteção em relação a outros predadores, e para os cães primitivos, ficar próximo dos seres humanos garantiu a possibilidade de conseguir alimento fácil, que provinha da sobra da caça dos seres humanos.
A DOMESTICAÇÃO OCORREU EM 2 GRANDES ESTÁGIOS
Em um segundo estágio, os cães primitivos viajaram com os seres humanos para as mais remotas regiões do globo, e foram importantes parceiros na conquista de ambientes inóspitos.
Durante esse segundo estágio, cada região ofereceu um tipo de problema para os primeiros colonizadores, e os cães foram usados para resolver muitos desses, por exemplo usando para caçar lebres (lebreus), se de defender de grandes felinos (filas), para guerras com povos inimigos (molossos), para caça, pastoreio e uma infinidade de funções.
As diferentes funções foram o primeiro passo para seleção artificial de indivíduos com características desejadas, e a partir delas as raças que conhecemos hoje surgiriam.
Todos esses processos são importantes e interferem diretamente nos cães que temos hoje.
Portanto, conhecer a história nos dá informações valiosas para aprendermos como lidar com nossos cães em um mundo que mudou tanto.
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Queremos dar um novo propósito para a vida canina no mundo atual e difundir cultura canina é fundamental para isso.