O primeiro sepultamento de cães ao lado de humanos que se tem conhecimento ocorreu há mais de 14 mil anos e está localizado em Bonn-Oberkassel, na Alemanha. Porém, alguns cientistas acreditam que a domesticação dos cães data de cerca de 20 mil anos atrás.

Ao longo de todo esse tempo o processo de domesticação ocasionou uma série de mudanças nos cães, entre elas, o grande número de raças existentes hoje em dia, cada uma com suas características físicas e comportamentais.

Talvez, a mudança mais notável que o processo de domesticação tenha causado seja a ligação emocional entre cães e seus tutores.

A ligação dos cães com pessoas é, muitas vezes, mais forte do que a sua ligação com indivíduos da sua própria espécie. Você já parou para pensar nisso? Os cães são a única espécie no mundo em que isso acontece com tanta frequência.

Fomos nós humanos que, por meio da seleção e cruzamento dos indivíduos mais propensos à domesticação, talhamos os cães para nos amar tanto, criando também laços muito intensos de dependência física e emocional.

Passado tanto tempo, a vida da humanidade  mudou. Hoje a maioria das pessoas vivem nas cidades e trabalham fora de casa, sobrando menos tempo para nossos cães.

Os cachorros não conseguiram acompanhar essa mudança tão rápida e atualmente muitos sofrem ao ficar tanto tempo longe dos seus tutores.

É o que os especialistas em comportamento canino chamam de ansiedade de separação.

Se pensarmos nas raças de cachorros Flat Nose, como os Pugs, Bulldogs Franceses, Schi Tzu e Boston Terriers, criadas para serem cães de companhia, podemos imaginar como esse problema pode estar afetando muitos deles.

Os cães realmente sentem muita falta dos sues tutores e a ansiedade de separação pode assumir várias formas:

Destruição: arranhar móveis, mastigar, roer, morder objetos;

Vocalizar: Latir, gemer e uivar;

Eliminação: urinar, defecar ou vomitar;

Estresse crônico: automutilação, andar de um lado para o outro e atrás do próprio rabo.

Mas como diminuir os efeitos da ansiedade de separação no seu cão?

1 – Gradativamente, acostume o seu cão com sua ausência

Comece primeiro em um cômodo dentro da sua casa. Saia e deixe o seu cachorro sozinho dentro do cômodo por alguns segundos. Antes que ele comece a arranhar, latir ou uivar, abra a porta, dê um petisco e faça carinho. Não recompense se ele apresentar algum sinal de ansiedade de separação. Talvez você tenha esperado tempo demais. Repita o exercício, mesmo que tenha que começar fechando a porta só por um segundo antes de abrir. Vá aumentando o tempo gradativamente, respeitando o ritmo de evolução do seu cachorro. Então generalize o exercício repetindo em diferentes cômodos da casa.

Caso o seu cachorro não consiga evoluir dentro de algumas semanas, passe a deixar um Kong com petiscos dentro do cômodo quando estiver fazendo o exercício. Pode ser que ele fique brincando com o Kong e se esqueça um pouco de você.

Depois que o seu cachorro estiver evoluído bastante dentro de casa, chegou a hora de repetir o mesmo exercício, mas agora na porta de casa, por onde você sai todos os dias.

A ideia é que o seu cão consiga ficar tanto tempo sem apresentar sinais de ansiedade de separação depois que você saia que ele será capaz de focar em outra atividade sozinho.

2 – Associe os sinais da sua saída a coisas positivas

Qual é o seu ritual de saída? Pegar alguma coisa na geladeira, depois as chaves e sair? Então pegue as chaves e recompense o seu cão. Pegue a chave, cruze a porta, volte direto e recompense. Pegue a chave, cruze a porta, espere alguns segundos, volte e recompense. Vá aumentando o tempo gradativamente e não recompense caso ele apresenta algum sinal de ansiedade de separação. Deixar uma peça de roupa com o seu cheiro também pode deixá-lo mais tranquilo durante a sua ausência.

3 – Ignore na chegada, sem drama na saída

Ignorar o seu cão alegre e saltitante ao chegar em casa talvez seja a tarefa mais difícil para um tutor, porém é fundamental na tentativa de equilibrar a expectativa do reencontro de um cachorro que sofre com a ansiedade de separação. E quando for sair, nada de despedidas emocionantes. Procure ser frio nos momentos de separação, pois quanto mais drama você fizer, mais ansioso o seu cão ficará.

4 – Utilize uma caixa de transporte no dia a dia 

Talvez você não saiba, mas caixas de transporte são realmente uma das melhores coisas que você pode oferecer ao seu cão. Elas dão a eles uma sensação de toca, segurança e proteção. Muitos cães entram em suas caixas quando querem “entocar” em momentos de estresse ou simplesmente relaxar. Treinar o seu cão até que ele se sinta confortável em períodos mais longos dentro de uma caixa de transporte é uma excelente forma de combater a ansiedade de separação.

5 – Passeio, passeio, passeio

Já dissemos isso aqui e não cansamos de repetir. Todo cão precisa de exercícios e passear é muito importante. Dois passeios ao dia, de pelo menos 20 minutos já é capaz de deixá-lo mais relaxado, diminuindo os sintomas da ansiedade de separação.

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